sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um deus também é o vento

"Um deus também é o vento
Só se vê os seus efeitos
Árvores em pânico
Bandeiras
Água trêmula
Navios a zarpar

Me ensina
A sofrer sem ser visto
A gozar em silêncio
O meu próprio passar
Nunca duas vezes
No mesmo lugar

A este deus
Que levanta poeira nos caminhos
Os levando a voar
Consagro este suspiro

Nele cresça
Até virar vendaval."

Paulo Leminski.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Não venhas

Não venhas, Dionísio, ao meu encontro. Não me contentarei em ter-te comigo por um breve instante. Ver-te partir para as montanhas com as belas ménades seria dor imensa para mim.


Baco e Ninfa - Claude Michel
Deixe-me degustar o intenso pulsar do meu coração ao sentir o cheiro do teu doce vinho. Antes me vale pensar que estou louco em ver-te em tudo em que olho do que a sobriedade de achar que posso te encontrar somente em meu altar.

Quero sentir tua calma respiração, mas sem olhar-te nos olhos. O que pode ser mais prazeroso a um amante do que fantasiar como devem ser os olhos do seu amado?




quarta-feira, 27 de junho de 2012

Amor divino


"Dionísio foi arrebatado ao ouvir este lamento. Notou Kekropia¹, conhecia o nome de Teseu e da traiçoeira viagem à Creta. Diante de Ariadne apareceu em toda sua radiante divindade. Eros moveu-se rapidamente e, com flechas urticantes, arrebatou a donzela a um nobre amor, levando a filha de Minos a unir-se de bom grado ao seu irmão, Dionísio. Então o deus confortou Ariadne, amorosa e lamentosamente, com essas palavras em sua voz encantadora:


'Donzela, por que sofres pelo enganador de Atenas? Vamos esquecer a memória de Teseu. Tens Dionísio para seu amante; um marido incorruptível contra o marido de um dia! Se estás satisfeita com o corpo mortal do companheiro dos anos de juventude, Teseu nunca poderá desafiar Dionísio em vigor ou formosura. Mas tu dirás, [ele matou o Minotauro]... Não é por acaso a frota [de Teseu] veio parar na minha Naxos; Pothos² reservou a você um nobre noivo. Feliz és tu, deixa a pobre cama de Teseu para deitar-se sobre o sofá de Dionísio, o desejável! O que mais poderias tu pedir em preces? Tens o céu como casa e Chronos como padrinho... Para ti, eu farei uma constelação de estrelas, e serás chamada a brilhante companheira de cama do amoroso Dionísio'."


Nono, Dionisíaca 47.265

Tradução livre.

Revisão de Thiago Oliveira.

¹ - Antiga cidade grega;
² - Era um dos Erotes, sendo o responsável pelo desejo sexual.

domingo, 3 de junho de 2012

Magia negra* revelada em duas antigas maldições


        Em um tempo onde a magia negra era relativamente comum, duas maldições envolvendo cobras foram lançadas, uma visando um senador e a outra um médico de animais, diz um pesquisador espanhol que acaba de decifrar as maldições de 1.600 anos de idade.
  Ambas as maldições possuem a representação de uma divindade, possivelmente a deusa grega Hécate, com serpentes saindo de seu cabelo, provavelmtente destinadas a atacar a vítima. Ambas as maldições contem invocações gregas semelhantes às invocações a Hécate.
  As duas maldições, escritas principalmente em latim e em tabuletas de chumbo fino, teriam sido criadas por duas pessoas distintas no final da vida do Império Romano. As duas tabuletas foram descobertas em 2009 no Museu Arqueológico Cívico de Bolonha, na Itália, e foram originalmente adquiridas pelo museu durante o século XIX. Apesar de os estudiosos não saberem ao certo a origem das tabuletas, depois de analisar e decifrar as maldições, eles sabem quem eram suas vítimas.


Mate o porco


  Uma das maldições tem como alvo um senador romano chamado Fistus e parece ser o único exemplo conhecido de um senador amaldiçoado. A outra maldição se destina a um veterinário chamado Porcello. Ironicamente, Porcello é a palavra latina para porco.
Celia Sánchez Natalías, uma doutoranda da Universidade de Zaragoza, explicou que Porcello era provavelmente seu nome verdadeiro. "No mundo das tabuletas de maldição, uma das coisas que você deve fazer é tentar identificar a sua vítima de uma forma muito, muito exata."
Sánchez Natalías acrescentou que não se sabe quem amaldiçoou Porcello ou sua razão. Pode ter sido por razões pessoais ou profissionais. "Talvez essa pessoa era alguém que teve um cavalo ou algum outro animal morto pela medicina de Porcello", disse Sánchez Natalías.
"Destrua, esmague, mate, estrangule Porcello e sua mulher Maurilla. Suas almas, corações, nádegas, fígados..." parte do escrito. A iconografia da tabuleta na verdade mostra Porcello mumificado, seus braços cruzados (como a divindade) e seu nome escrito em ambos os braços. [Ver imagens da tabuleta]
O fato de tanto Porcello quanto a divindade terem os braços cruzados é importante. Sánchez Natalías acredita que o feitiço força a deidade e, portanto, Porcello a se tornarem vinculados. "Essa comparação pode ser entendida de dois modos: ou 'a deidade é forçada, por isso Porcello também será' ou 'até quando Porcello estiver forçado, a divindade também estará'", ela escreve em uma recente edição do jornal Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik.


Que todos os seus membros se dissolvam...

O caso de Fistus, um senador romano, também é notável. O senado na Roma antiga era um lugar de grande riqueza, e, mais cedo na história romana, foi um local de considerável poder. Até o momento a maldição foi escrita no final do Império Romano, onde a influência do senado foi diminuída em favor do imperador, do exército e da burocracia imperial.
Fistus teria sido uma pessoa que possui alguma riqueza, e quem escreveu a maldição talvez quisesse seu lugar. A expressão latina para "esmagar" é usada no mínimo quatro vezes na maldição. "Esmague, mate Fistus, o senador", diz a maldição, "Possa Fistus diluir, definhar, afundar e todos os seus membros se dissolver..."
Novamente Sánchez Natalías não tem certeza dos motivos da maldição; mas, qualquer que sejam, até mesmo pelo padrão de modernos anúncios de ataques políticos, este foi um golpe sórdido senatorial.
A tradução de Sánchez Natalías e o estudo da maldição do senador é detalhado em dois artigos recentes publicados pela revista alemã Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik.

*: resolvi manter o título original do artigo, sem entrar em méritos quanto à natureza da magia.



quinta-feira, 24 de maio de 2012

Rito de Catarse Pessoal

Esta é uma prática muito realizada por mim, quando preciso fugir um pouco de tudo e de todos. Apesar de chamar esta prática de rito ,ela não tem como base algo religioso, mas algo pessoal, o que não significa que, para mim, tal rito não tenha uma relação com algo ligado à minha espiritualidade. Adaptações para deixar a prática mais pessoal também são bem-vindas.


Material necessário:

- Uma vela da cor de sua preferência;
- Um cigarro (para os fumantes) e/ou um incenso (para os não-fumantes);
- Um copo de vinho, vodca ou qualquer bebida (alcoólica ou não) de sua preferência;
- Uma obra de arte (no meu caso, um livro ou um filme de um diretor querido).

O que fazer?

1 - Sente-se ou deite-se confortavelmente;
2 - Acenda a vela;
3 - Apague todas as luzes, deixando apenas a luz da vela iluminando o local;
4 - Acenda o cigarro e/ou o incenso (costumo acender na chama da vela, por praticidade);
5 - Encha seu copo com a bebida escolhida e tome um gole;
6 - Coloque o filme e aprecie-o.


Observação 1: o rito deve ser feito durante a noite, em um local onde não ocorram interrupções;
Observação 2: o rito pode ser feito sozinho ou acompanhado. Porém, por ser tratar de algo extremamente pessoal, é necessário ter em mente que as companhias devem ter uma intimidade enorme com você.;
Observação 3: palavras devem ser evitadas durante a realização do rito;


sábado, 14 de abril de 2012

The Trojan War ("Tainted Love" by Soft Cell)





Letra da música:

"In Homer's epic tale of
Ancient Greece in order to
Make some peace at a wedding

The handsome Paris had to make a choice
Who was most fair
Of all the goddesses there?
A golden Aplle they'd receive
And don't you know he picked Aphrodite!
Then She promised him
The love of a maiden
The most beautiiful woman
From Sparta, her name was Helen
Wife of the king Manelaeus, oh!

Trojan War
Trojan war

The Greeks were mad
They gathered all the ships they had
But then the fleet has just wouldn't move
So Agamemnon asked what he could do
To make things right
Diana needed sacrifice
With Agamemnon's daughter slain
Those Greeks ships could sail for Troy again

Ooh, Odysseus
Known for his eloquence
Ambassador to Priam
Demanded Troy return fair Helen
The king refused and that started the war

Trojan war
Trojan war

Hector was killed
Then Paris shot Achilles heel
But the Greeks hid in a wooden horse
And breached those walls of Troy of course!

Trojan war
Trojan war

Face that launched a thousand ships
Talkin' 'about the Trojan war
Face that launched a thousand ships
Talkin' 'about the Trojan war"


Minha tradução:

No conto épico de Homero
Da Grécia antiga, a fim de
Fazer um pouco de paz em um casamento
O belo Páris teve que fazer uma escolha
Quem era a mais bela
De todas as deuses de lá?
Uma maçã dourada eles receberam
E vocês não sabem, ele escolheu Afrodite!
Depois Ela prometeu a ele
O amor de uma donzela
A mulher mais bela
De Esparta, seu nome era Helena
Esposa do rei Menelau, oh!

Guerra de Tróia
Guerra de Tróia

Os gregos ficaram loucos
Eles reuniram todos os navios que possuíam
Mas as frotas não conseguiam se mover
Então Agamemnon perguntou o que ele deveria fazer
Para fazer as coisas corretamente
Diana precisava ser sacrificada
Com a filha de Agamemnon morta,
Os navios gregos poderiam novamente navegar até Tróia

Ooh, Odisseu!
Conhecido por sua eloquência
Embaixador de Príamo
Exigiu o justo retorna de Helena
O rei (troiano) recusou e a guerra começou

Guerra de Tróia
Guerra de Tróia

Heitor foi morto
Depois Páris acertou o calcanhar de Aquiles
Mas os gregos se esconderam em um cavalo de madeira
E violaram os muros de Tróia, é claro!

Guerra de Tróia
Guerra de Tróia

Rosto que lançou milhares de navios
Falando sobre a guerra
Rosto que lançou milhares de navios
Falando sobre a guerra





sexta-feira, 6 de abril de 2012

Hélios


“Eu sou o sol, minha irmã é a lua. Eu cavalgo pelo céu durante o dia. Eu vejo e observo como você vive sua curta vida. Como você ama, como você se liberta, como você sangra.

Eu sou o portador da luz para o seu dia cansativo de trabalho. Eu vejo honra em você e na vida que você leva. Como você honra o sagrado acima de ti com suas preces e seus sacrifícios. Com a sua dor e com a sua alegria. Com as suas palavras de gratidão a mim.

Eu olharei por você, eu te guardarei. Não vou te abandonar. Nem agora, nem nunca. Você verá."

Tradução minha.
Original aqui.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Latreia

Khaire, philos mou!

Antes de começar este post, gostaria de esclarecer que os conceitos que aqui serão tratados serão feitos de forma resumida, pois, se fôssemos tratar de cada um dos conceitos de forma aprofundada, seriam necessários um ou dois posts para cada um deles. Como minha intenção é apenas apresenta-los aos leitores, irei resumi-los. Quem sabe não me aprofundo futuramente?

Tudo esclarecido, podemos seguir. A latreia pode ser definida como o "resumo" do dever religioso de um reconstrucionista helênico. Significa, basicamente, o cumprimento dos rituais e a prática da ortopraxia. Para que possamos cumprir com a latreia, precisamos entender e cumprir outros conceitos. Primeiramente, devemos definir o que é a ortopraxia.

Ortopraxia: diferentemente da ortodoxia, que significa modo correto de pensar, a ortopraxia significa o modo correto de agir, o "fazer a coisa certa". Ela está presente tanto na vida religiosa (como oferecer a primeira e a última parte de nossa comida e de nossa bebida a Héstia) quanto na nossa vida pessoal (o cumprimento de nossos deveres e o exercício de nossos direitos, por exemplo). Para Sócrates, "o fruto da ortopraxia é a felicidade, já que esta se dirige às boas ações a favor dos homens e dos deuses".

Areté*: está intimamente ligada à ortopraxia. Consiste na prática habitual da excelência, da ética. É o dever e a consciência de fazer a coisa certa. Na prática, é você poder deitar a cabeça no travesseiro à noite e não ficar com a consciência pesada por não ter feito algo que deveria ter feito ou ter feito algo que não deveria.

Métron: o "meio-termo" das nossas ações, o equilíbrio. Quando cometemos o erro do excesso, nos desviamos do caminho da virtude, da areté. Está presente, também, na máxima délfica "Nada em excesso". Basicamente, é quando comemos aquele pedaço de torta de chocolate e depois ficamos com o sentimento de culpa pelos quilinhos a mais que ganharemos, rs.

Sophrosune: controle de si mesmo através da contemplação interior. Em outras palavras, olhar para dentro de si, se conhecer e controlar-se.

Eusebia: observância do calendário religioso e o zelo e cumprimento dos deveres sagrados.


Nomos: trata-se da reverência, lealdade e senso de dever com os deuses. Em outras palavras, ser fiel ao culto de nossos ancestrais. Um exemplo disso é pedir as bençãos de uma divindade sem dar nada em troca, visto que a relação entre os deuses e seus devotos é de troca, não de imploração.

Hagneia: é a purificação antes dos ritos sagrados, com a finalidade de extirpar o miasma (impurezas provenientes de ações mundanas que não nos dignificam, como o sexo e a morte).

Sophia: busca pelo conhecimento, pela sabedoria e pela verdade.

Xenia: importantíssimo conceito. É regido pelo próprio Zeus (Zeus Xenios). Valia para todo o território grego antigo. Trata-se da relação anfitrião x convidado, da amizade convidativa. O anfitrião tinha o dever de acolher o forasteiro em sua casa e dar-lhe boa estadia. Até mesmo os templos acolhiam os forasteiros, e o descumprimento desse dever resultava em hýbris das bravas (maior desrespeito aos deuses, como se imaginar melhor que eles ou como se eles fossem desnecessários - motivo pelo qual Odisseu foi castigado por Poseidon na Odisseia), que só baldes de água lustral resolviam... rs.


É, não é fácil não! A gente rala para cumprir com a latreia, mas a recompensa é gostosa! Espero ter esclarecido melhor estes conceitos!

Para saber mais!
*Sobre a Areté
RHB

Eirene!




sábado, 11 de fevereiro de 2012

Bolo grego de mel

Os bolos de mel eram ofertas muito comuns aos Deuses da antiga Hélade. Segue, abaixo, a tradução (feita por mim) de uma receita encontrada, em inglês.

Ingredientes:

- 1 xícara de farinha de trigo;
- 1 colher e meia (de chá) de fermento em pó;
-  ¼ de colher (de chá) de sal;
- Meia colher (de chá) de canela em pó;
- 1 colher (de chá) de raspas de laranja;
- ¾ de uma xícara de manteiga;
- ¾ de uma xícara de açúcar branco;
- 3 ovos;
- ¼ de uma xícara de leite;
- 1 xícara de nozes picadas.
- 1 xícara de açúcar branco;
- 1 xícara de mel;
- ¾ de uma xícara com água;
- 1 colher de chá de suco de limão.

Instruções:

1. Pré-aqueça o forno a 175º Celsius. Unte e enfarinhe uma panela de aproximadamente 9 polegadas quadradas. Misture a farinha, o fermento, o sal, a canela e as raspas de laranja. Conserve.

2. Em uma tigela grande, bata a manteiga e os ¾ de açúcar branco até ficar claro e macio. Bata os ovos, um de cada vez. Bata na mistura da farinha alternadamente com o leite, mexendo até encorpar. Misture as nozes.

3. Despeje a massa na forma preparada. Deixe-a no forno pré-aquecido durante 40 minutos, ou até um palito inserido no centro do bolo sair limpo. Deixe esfriar por 15 minutos. Despeje xarope de mel sobre o bolo.

Para o xarope de mel: em uma panela, misture o mel, 1 xícara de açúcar e água. Leve ao fogo brando e cozinhe por 5 minutos. Misture o suco de limão, deixe ferver e cozinhe por mais 2 minutos.

Informações nutricionais:

Quantidade por fatia:

Calorias: 423
Gordura total: 19,3 g
Colesterol: 84 mg


Tradução minha.
Original aqui.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mãe D'Água, Janaina

"Mas como é lindo o canto de Iemanjá, que faz até o pescador chorar, quando ele escuta a mãe d'água cantar, e vai com Ela pro fundo do mar..."
Ponto cantado na Umbanda, em homenagem a Iemanjá.

Os leitores podem até estar estranhando o fato deste post não falar de uma divindade helênica, mas de uma divindade africana. Para os que não sabem, eu, desde pequeno, tive minha infância marcada pela presença dos Orixás, e faço questão que essa conexão não se perca. Ainda hoje presto culto a Eles, mas sempre separando o culto aos Deuses da antiga Hélade do culto aos Orixás. Então, de vez em quando, será possível encontrar posts sobre Eles por aqui. E hoje, dia 2 de fevereiro, é o dia em que é homenageada a Rainha do Mar.

Para os leigos no assunto, Iemanjá (também chamada, na Umbanda, Janaina) é, basicamente, a deusa do mar dentro dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda e o Candomblé. Seu nome é derivado da expressão em Iorubá "Yèyè omo ejá" que, em português, significa "Mãe cujos filhos são peixes". É filha de Olóòkun, também deusa do mar. Iemanjá, para muitos pesquisadores, era casada com Oxalá, criador do mundo e dos homens, e, com ele, teria tido a maioria dos outros Orixás. No Dicionário Folclórico Brasileiro, de Câmara Cascudo, pode-se encontrar esta curiosa lenda que comprova essa união:

"Um dia, Orunmilá (também chamado de Ifá, o adivinho - santo poderoso) saiu do palácio para dar um passeio. Ia com todo seu acompanhamento, os Exus, que são seus escravos. Chegando a certo lugar, deparou-se com outro cortejo, onde a figura principal era uma mulher linda. Ele parou, assim assombrado por tanta beleza. Chamou um de seus Exus e mandou-o ver quem era aquela mulher. Exu chegou defronte dela, fez odubalê (referência) e apresentou-se dizendo ser escravo do senhor poderoso Orunmilá, que mandava perguntar quem era ela. Ela disse que era Iemanjá, rainha e mulher de Oxalá."



Sua natureza é calma, como a mãe que acolhe seus filhos, mas que, quando necessário, sabe ser rigorosa, como o mar também o é. Atualmente, na Umbanda, é muitas vezes representada como uma sereia, que é um ser próprio da mitologia grega (porém, na antiguidade, as sereias eram metade mulheres e metade aves) mostrando o quanto o sincretismo é comum dentro desta linha de culto aos Orixás.


Sua saudação mais frequente é "Odoyá" que significa "mãe do rio" (apesar de Iemanjá ser cultuada, no Brasil, como uma deusa das águas salgadas, sua origem é de um rio que corre para o mar, de mesmo nome que o da deusa). Suas oferendas são recebidas na praia, e costuma-se oferecer a Ela rosas brancas, perfume, entre outras coisas. A relação do devoto com o Orixá é uma relação de troca, semelhante ao Hellenismos, onde o devoto dá algo para a divindade, pedindo sua benção e proteção.



Segue, por fim, duas músicas cantadas pela Bethânia, a primeira chamada Yemanjá, Rainha do Mar, e a segunda O Marujo Português.


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Bom Espírito


“Não é de se surpreender que os homens te chamem de bom espírito,
Pois quem mais entre os abençoados imortais é mais gentil com os mortais que tu?”
(Parte de uma prece escrita pelo Sannion, traduzida por Alexandra Nikasios.)

O Agathos Daimon (Bom Espírito) é um daimon (espírito) que acompanha cada pessoa do seu nascimento à sua morte, nos ajudando e dando proteção durante nossa vida, lembrando, de forma geral, o anjo da guarda do cristianismo e do judaísmo.
Aparece comumente acompanhando a deusa Tyche, que rege a boa fortuna, a sorte, o sucesso e a prosperidade. Por isso, pode-se considerar o Agathos Daimon também como um daimon da sorte. Além de estar relacionado com Tyche, também está ligado a Zeus Ktessios (que protege as provisões), além de Dionísio ter “Agathos Daimon” como um dos seus epítetos.
Antes de ser relacionado a Tyche, o Agathos Daimon era visto como uma deidade andrógina, por isso representado, também, como uma serpente (até atualmente).
Pode-se tirar muito proveito de uma relação desenvolvida com o Agathos Daimon. Além de estabelecer uma ligação entre o devoto e os Deuses, o Agathos Daimon nos auxilia em muitos outros aspectos, como no aprendizado pessoal e na sorte. Além disso, o Agathos Daimon é muito menos “ocupado” do que os Deuses (afinal de contas, os Deuses têm vários devotos, enquanto o Agathos Daimon é pessoal), então Ele estará praticamente sempre disponível para te ouvir. Com o tempo, podemos considerá-lo um amigo íntimo (no sentido amoroso da palavra ou no sentido de uma boa amizade).
Como protetor do lar, Ele protege nossa casa e nossa família, nunca deixando faltar a comida na nossa despensa. Mas Ele não protege somente nosso lar físico, Ele também protege o local onde se encontra nosso coração e nossos pensamentos, ou seja, Ele também não deixa de proteger aquela pessoa querida quando pedimos a Ele.
Todavia, como todo bom reconstrucionista helênico sabe, nosso relacionamento com os Deuses e com os daimons é feito a partir da troca, logo, também temos que honrá-lo. As honras ao Agathos Daimon são feitas:

- No segundo dia do mês helênico, onde são feitas libações em Sua honra e são pedidas bênçãos à família;
- Após cada refeição, vertendo um pouco de vinho ou outra bebida, dizendo uma prece antes de verter o líquido (um exemplo de prece milenar pode ser encontrada aqui);
- Com a feitura e renovação a cada Noumenia do Kathiskos (a Zeus Ktesios).

Além desses meios de honra-Lo, que são rotineiros, pode-se, também, fazer um sacrifício em Sua honra, como uma libação ou uma oferta votiva, caso se julgue necessário.